Teoria social, narrativa e evolução
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Teoria social, narrativa e evolução

Universidade Estadual de Campinas UNICAMPInstituto de Estudos da Linguagem IELForum de discussão para disciplina de Pós-graduação em Lingüística.


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2. Uma tese sobre a abordagem histórica dos fenômenos culturais.

3 participantes

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(Juan) Ernesto Mora

(Juan) Ernesto Mora
Admin

Qual a sua posição sobre a teses de Singerland, E. e outros (na coletânea sobre o debate acerca da natureza humana), acerca de que em muitas ocasiões os análises históricos em ciências sociais não são "históricos" o suficiente?

No caso do Bourdieu, exemplo posto por Singerland, a análise se limita ao uso de uma falsa objetivação de comunalidades humanas, por exemplo, um "gusto universal pela arte", para reforçar distinções de classe na forma de um hábito incorporado via cultura.  

A resposta de Singerland é que do fato de que se produzam falsas objetivações das comunalidades, não se segue que não existam comunalidades humanas. E que elas podem transcender o escopo histórico, por exemplo, dos usos utilitários das noções de natureza humana durante a modernidade.

Como vêm vocês esse problema? Por exemplo, no caso de normalização de padrões linguísticos via gramáticas ou códigos. Que passaria se a pesquisa utilizasse escopos mais amplos?

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Luísa Haddad Labello



Este é o próximo tópico?

Luna



Bom, já vou dar minha opinião sobre sua pergunta, professor.
Acredito que dentro da linguística até exista um direcionamento para questões de natureza humana, como por exemplo no caso do Chomsky: ele reconhece a existência de uma Gramática Universal, que seria a linguagem com a qual os seres humanos são biologicamente dotados, é inato, mas depois eles desenvolvem a Gramática Gerativa a partir das interações (aquisição da linguagem) com o meio. Portanto, acredito que a partir desse ponto de vista exista um reconhecimento para a natureza humana e para as questões sociais também. Existe um reconhecimento na linguística para questões chamadas estruturais da língua, que não sei se elas se encaixam necessariamente na observação da natureza humana, mas não estão ligadas ao escopo histórico. Isso entra no grande debate entre deriva e contato para explicar as variações e mudanças linguísticas. Mas o que quero dizer é que de forma geral se reconhece a existência de fatores sociais e não-sociais para explicar determinados padrões sociolinguísticos, mas o que a maioria dos sociolinguistas têm feito, na prática, é compreender os padrões sociais e relacioná-los aos padrões linguísticos, nesse caso de fato não uma observação da natureza humana para explicar tais padrões. Não sei como seria isso. É uma questão interessante.

Luna



Gostaria de complementar ainda que o linguista William Labov, que é conhecido como pai da Sociolinguística como estudada atualmente, também reconhece isso. Ele fala desse paralelo entre a evolução das espécies e a evolução da língua, mas acho que ele não se aprofunda nisso. Se eu não me engano, ele menciona isso no "Principles of Linguistic Change, Volume II".

Luísa Haddad Labello



Acho interessante pensar aqui na questão da diacronia e que a língua se modifica através do tempo. Deste modo, questões históricas são fundamentais!

(Juan) Ernesto Mora

(Juan) Ernesto Mora
Admin

Sim, de fato é muito interessante. E o que mais me surpreende é que não há uma posição unificada na teoria evolutiva. Alguns tendem a prevalecer os aspectos de "hard-drive": estruturas inatas de formação de proposições linguísticas (por exemplo, Steven Pinker), enquanto outros, favorecem uma formação cultural dessas estruturas como o livro de Richerson e Boyd. Eles, por demais, citam bastante a Labov. É interessante seguir essa discussão nessa bibliografia.

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Luísa Haddad Labello



Se pensarmos, em Saussure, por exemplo, ele acreditava que era possível estudar as questões da língua fora da dimensão do tempo.

(Juan) Ernesto Mora

(Juan) Ernesto Mora
Admin

Bom, Luísa. Esta tópico está pensado muito no que você me falou no mail. Como vocês veriam isso de que muitas análises históricas não são históricas o suficiente?

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Luna



Quando Singerland fala sobre isso, que algumas análises históricas não são tão históricas assim, seria porque o escopo histórico estudada não contempla a pré-história, por exemplo, a trajetória não retomada tudo que seria necessário, ocorreram coisas no momento de transição entre os primatas e o seres humanos que também fazem parte da história. É nesse sentido que entra tal afirmação?

Luísa Haddad Labello



Eu relacionaria muito com essa questão delas serem vistas de modo isolado e não através do tempo! Por exemplo, se eu quero analisar como algo está descrito em uma gramática, devo fazer um levantamento histórico das gramáticas para ter uma melhor noção.

(Juan) Ernesto Mora

(Juan) Ernesto Mora
Admin

Luna, eu me pergunto o mesmo. Qual seria a abrangência desse escopo? Singerland é um pouco ambíguo.

Mas, em termos gerais concordo. E concordo com Luísa. Eu posso pensar as gramáticas como variáveis e pensar sua atuação na história.

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Luna



Entendi, faz sentido. Tratar de maneira isolada também é uma questão.

Luísa Haddad Labello



Com relação a essa questão, tem uma passagem no texto do Boyd que fala o seguinte: "In a biocultural view, the Paleolithic ans the present, the hunter-gatherer and the cosmopolitan, orature and opera are all part of our human repertoire"

Luísa Haddad Labello



Essa passagem me chamou a atenção, pois faz tudo parecer atemporal...o que acharam?

(Juan) Ernesto Mora

(Juan) Ernesto Mora
Admin

Por outro lado, existe a tendência a pensar facilmente a normalização como imposição cultural, mascarada em "usos corretos", me equivoco?

Porém, mesmo que é possível que de fato isso tenha acontecido assim, não explica muito como se deu, e até que ponto esse processo, por exemplo, em termos de transmissão de gerações em geração. Quanto de fato certa normalização gramatical foi estandardizada na fala de certas populações? Por favor, Luísa me corrige.

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Luna



Sim, tive essa mesma impressão Luíza. Como se ele quisesse ressaltar que o que é lá do passado, muitas coisas que foram explicadas pela Teoria Evolutiva, ainda estão presentes hoje, não sei.

Luísa Haddad Labello



Exatamente, a questão da normatização é algo muito interessante...pois a norma padrão brasileira foi imposta de maneira inesperada, de uma hora para outra, e não se baseou na norma anterior. Ela tomou como base o português europeu moderno e, por isso, ela aparenta ser tão estranha aos brasileiros.

Luna



Acredito que existem as duas coisas. Quando você fala em normalização,pode estar falando do norma padrão da língua, que de fato é imposta, mas existem padrões nos vernáculos também e eles são passados de geração para geração, tanto é que é isso que forma o sistema linguístico, por isso todos se entendem numa comunidade. Mesmo que a normalização da norma padrão influencie na fala, como policiamento da fala em determinados contextos, existem padrões na fala não policiada também.

(Juan) Ernesto Mora

(Juan) Ernesto Mora
Admin

Luísa, acredito que nessa passagem, Boyd se refere à capacidade de cultura acumulativa. Esse é um conceito basicamente histórico. Dispomos hoje, mais ou menos, esse repertório ou outros similares, dependendo da comunicação e transmissão entre culturas, como uma suma de pequenos agregados no tempo da espécie. Se não fosse pela seleção histórica de variáveis culturais seria impossível possuir esse repertório.

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Luísa Haddad Labello



Aaaah sim, entendi!!

(Juan) Ernesto Mora

(Juan) Ernesto Mora
Admin

Entendi, Luísa e Luna.

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Luna



Entendi também.

Luísa Haddad Labello



Sim, é importante ressaltar que estou falando da norma padrão, pois existem diversos tipos de norma, como a norma culta, normas faladas por determinados grupos linguísticos, certo Luna?

(Juan) Ernesto Mora

(Juan) Ernesto Mora
Admin

A ideia de transmissão de variações culturais entre gerações está muito ligada ao tema do segundo módulo que fala sobre a evolução da cooperação e competição. O que me parece interessante tentar visualizar é o pensamento populacional para medir, tal vez com maior precisão, como de fato variáveis culturais são transmitidas. Tentarei aprofundar nesse aspecto no momento. Passamos no tópico final?

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(Juan) Ernesto Mora

(Juan) Ernesto Mora
Admin

Luísa, essas normas podem ser comparadas em diferentes momentos, enquanto variáveis?

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